Thomas Delaney: quando o IDH entra em campo

03:29 Luís Barreira 0 Comments

  
       Quando olhamos para os 4 países que formam a península escandinava, a reflexão é relativamente consensual. Dinamarca, Suécia, Noruega e até Finlândia constituem 4 das nações mais civilizadas e mais prósperas do continente europeu e de todo o mundo. Não é portanto de estranhar a posição privilegiada deste grupo no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano, conforme o relatório de 2014: a Noruega ocupa a liderança, como já tinha feito entre 2012 e 2013, enquanto a Dinamarca e Suécia fecham, respetivamente, o top 10 e o top 12. Ainda numa posição muito respeitável, com 0.879, encontra-se a Finlândia.

         Acaba por se tornar natural que, dentro de perspetivas tão risonhas, existam figuras que se destaquem em diferentes temas da sociedade. Seja na música, no cinema ou no desporto, existem figuras que naturalmente sobressaiam devido ao seu maior discernimento, frieza e constante necessidade de procurar fazer melhor e, mais importante, de forma mais pragmática, não perdendo qualquer eficiência nas suas ações. O grande problema - ou virtude, dependendo da forma como se analisa o assunto - é a notoriedade (ou falta dela) que estes casos acabam por ter na sociedade e a fraca integração na estagnada onda de mediatismo que faz questão de sublinhar, de forma exaustiva, os mesmos protagonistas e as mesmas situações. No futebol não é diferente.

         Com a exceção do Kjøbenhavns Boldklub - que acaba por ser uma "meia-exceção", já que é oficialmente o clube de reservas do København -, Thomas Joseph Delaney nunca jogou noutro clube que não o emblema de Copenhaga, coincidentemente o clube mais titulado da história do futebol dinamarquês com 26 honras, vinte e duas delas de teor doméstico. Num clube consideravelmente relevante no panorama europeu, se bem que vá perdendo destaque a cada época que passa, um dos seus focos de atenção nos últimos anos foi para o portador da braçadeira de capitão: nomes como Henrik Larsson, pouco tempo antes da transição para o século XXI, Christian Lønstrup, Tobias Linderoth, William Kvist ou Lars Jacobsen foram figuras que envergaram a braçadeira nos últimos capítulos na história da formação nórdica. O penúltimo da lista, Kvist, foi eleito capitão aos 25 anos. O atual capitão, Delaney, foi oficialmente nomeado como capitão de equipa aos 23. Haverá maior sinal de confiança na maturidade de um atleta?

       O seu primeiro nome é dinamarquês, o segundo americano - devido às origens do seu pai - e o terceiro irlandês. Estes dois últimos provêem da sua descendência, quer dos 'Yankees' quer da República da Irlanda. Porém, o médio nascido em 1991 já veio ao mundo com a cidade de Copenhaga no horizonte. Tendo nascido em Frederiksberg, a cerca de 70 quilómetros da cidade onde iria triunfar como futebolista, não demorou muito até dar o passo mais importante da sua vida rumo ao seu futuro. Com apenas 2 anos - para todos os devidos efeitos representar o Copenhaga, neste caso a sua formação de reservas, há 23 dos seus 25 anos de vida - daria os seus primeiros passos no KB, numa carreira jovem que durou até 2009, quando se estreou na equipa da capital dinamarquesa.

         A partir daí, Delaney protagonizou uma das escaladas do século no futebol dinamarquês. Cada vez mais protagonista numa equipa que depende das suas qualidades como médio e cérebro da equipa - independentemente do momento de jogo e das circunstâncias -, as suas qualidades vão sendo cada vez mais - embora não de forma suficiente - apreciadas pelo público internacional, fruto da confiança que Morten Olsen depositou no líder nato para integrar a seleção da Dinamarca, que agora será orientada pelo norueguês Age Hareide.

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